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Deus, símbolo para Deus
e o terceiro termo escondido
Osvaldo Luiz Ribeiro
(19 de abril de 2006)

Foi a Celeste quem me arrancou essa criança do útero, porque quantas vezes o parto é assim mesmo, meio que parimos por forças de obstetras impacientes, mais do que nós, inteligentes, mais do que nós...
Celeste não é uma figura anônima, uma Musa que invento para dar algum ar místico para a mística de Deus. Celeste é aluna do doutorado em Língua Portuguesa , pela UERJ, e enveredou-se pelo (pelos?) caminho (caminhos?) da Teopoética em Adélia Prado.Trocamos e-mail sobre o assunto e, em algum momento, ela citou Tillich, em A Dinâmicada Fé: “Deus é símbolo para Deus”, reminiscências de Fenomenologia da Religião, referindo-se aos dois termos em que o termo “Deus” aparece...
E aí a criança caiu-me aos pés... Dois?
A rigor, mas também aparentemente, a citação de Tillich deixa transparecer, de fato, haver dois termos: o primeiro “Deus” referir-se-ia ao discurso sobre Deus, em termos concretos, um pensamento, uma fala, uma narrativa; o segundo termo “Deus”, então, referir-se-ia à grandeza referente do primeiro termo tomada enquanto existente fora do pensamento, forada palavra, fora do discurso. Digamos assim, metodologicamente, independentemente de o segundo “Deus”, o “ontológico”, efetivamente existir, na fórmula de Tillich ele se configura como uma aposta, e, enquanto aposta, está “disponibilizado” no primeiro termo apenassimbolicamente, porque o “teólogo” assumiria nada saber daquele que é concebido enquanto inefável. Inefável, pois, que seria, nada haveria que se dizer, que possível fosse ser dito, embora o seja, sobre ele. E se, inefável é, ainda assim, se fala de algo como que dele, isso que se fala, o primeiro termo da fórmula, só pode ser simbólico.

(É verdade que pode ser mais [ou menos] do que isso. Feuerbach já denunciou, faz cem anos, esse discurso sobre Deus, logo, o primeiro termo, como projeção humana, tese de alguma forma adaptada por Freud [infantilismo] e por Marx [alienação]. Não importa. Tratando-se a questão no nível de como ela se apresenta, uma coisa dita sobre uma coisa, a coisa dita é tomada como símbolo da coisa que se pretende dizer).

Na citação de Tillich, contudo, há um terceiro termo escondido. Ou ele se engana na citação, ou se engana com ela, porque, ao dizer “Deus é símbolo para Deus”, na melhor das hipóteses, trata quase que estruturalisticamente a questão lingüístico-teológica evocada na fórmula. Explico: os termos da fórmula flutuam num mar impessoal, sub ou supra pessoal, daí, estrutural. Tillich faz-nos voltar os olhos para um pensamento de (sobre) Deus, um dito de (sobre) Deus, um escrito de (sobre) Deus (o primeiro termo), e faz-nos compreender, quer-nos bem, tratarem-se essas coisas de pensamento/dito/escrito de (sobre) Deus apenas o que são (seriam): símbolo(s) para o outro termo, esse, simDeus. Como esse, sim, Deus precisa tornar-se explícito, visível, por assim dizer, também por assim dizer deixa-se apreender tão somente por meio do símbolo, quando e com o que, então, retornamos para o primeiro termo.
Foi nesse pé que a Celeste tomou a fórmula e a citou. Mostrando-me ela a citação, argumentando ela a partir do que eu mesmo já o havia feito tantas vezes, e, sempre, nessa mesma perspectiva, vi-me percebendo um problema, a meu ver, grave, na fórmula. Disse acima que os dois termos “flutuam”. Mas absolutamente nada flutua em coisa alguma, se humaníssima coisa é esse nada, senão na própria consciência que fundamenta a coisa. Não há algo como um pensamento, um dito, um escrito, senão em relação a alguém que pensa, alguém que fala, alguém que escreve. Não há pensamentos flutuantes. Não há ditos flutuantes.
Não há escritos flutuantes. Há apenas pensamentos pensados. Ditos ditos. Escritos escritos. E o que quero dizer mesmo é que não há nada disso fora de um sujeito, sujeito que pensa o pensamento, que diz o dito, que escreve o escrito.
Pode parecer óbvio ao leitor, e sentir-se ele tomado de uma vontade de interromper a leitura. Não, não é óbvio. Tanto não é que a Literatura, a Teoria Literária, amplas seções de todas as ciências do texto, esforçaram-se, esforçam-se (esforçar-se-ão ainda?) por excluir da categoria de análise literária a figura do escritor, logo, do sujeito que pensou, que disse, que escreveu. A teoria literária que trabalha com as questões levantadas e defendidas pela teoria da intentio operis não se envergonha mesmo de afirmar que o autor está morto – duas vezes, se morto mesmo, uma vez, se ainda vive. Morto, o que significa que não deve mais intrometer-se na sua obra. O que pensou, é pensamento que flutua; o que disse, é dito que vaga; o que escreveu, bóia.
 Se, na prática, o que fazem é transferir algo como um fundamento semântico para o sujeito-leitor, isso apenas traduz, quero crer, a percepção a posteriori de que uma coisa é uma coisa para um sujeito – e se não o é, dado o sujeito-autor, que o seja, vai, dado o sujeito-leitor. Como este ensaio não pretende discutir teoria literária, registro apenas meu desgosto por tanto esforço, inútil, a meu ver, senão para os desdobramentos de teses (inúteis?). A energia despendida a desbravar esse território parido a fórceps, a criança estrebucha, não quer nascer, não ainda, não ali, talvez devesse ter sido direcionada a resolver o impasse da alteridade e da crise de verificação da intencionalidade autoral. Preferimos o caminho mais fácil. Minha esperança é que as afirmações de Ilya Prigogine, químico Nobel de 77, sobre caos, história e irreversibilidade possam merecer nossa atenção, e seu esforço, inspirar-nos, e nós, exegetas, literatos, lingüistas, historiadores, passado o azáfama estruturalista, assumamos nosso fado e fardo de trabalhar com a humaníssima condição da intangibilidade laboratorial, não obstante nos gritarem aos ouvidos todas as bocas e todas as vozes desde hoje e para trás. Não é calando-as, não é assassinando-os, que os alcançaremos. E meu coração (não o seu?) chora agora, porque falta pouco (quinze minutos?) para que me matem a mim também... Adoro muitas coisas, não a morte...
Retomo o argumento dos três, e não dois, termos. Reclamo com Tillich ter ele ou deixado implícito, não podia; ou ter simplesmente se enganado, não devia; ou estar me enganando, não creria, tratar-se de dois termos, quando são três. Não há símbolo senão símbolo assumido como tal por sujeitos. Um sujeito há de entrever a possibilidade. Compartilha como uma comunidade de sujeitos, que acata a intuição, e adota o símbolo...
Em minha dissertação de mestrado sobre a serpente de bronze, que relacionei aos espaços mineradores do bronze, fui (levemente) pressionado a introduzir a serpente do Paraíso no cadinho semiótico que punha a ferver. Recusei (brandamente). Não se tratava da mesma simbologia. A cobra estava lá – talvez nem mesmo a mesma, uma vez que aquela era uma específica saraf, e esta, a de Eva, uma indistinguível nahash (toda saraf é uma nahash, mas nem toda nahash é uma saraf, porque toda coral é uma cobra, mas nem toda cobra é umacoral). Em si mesma, e mesmo na forma de uma palavra do dicionário, serpente não é símbolo de nada e para coisa alguma. É um sujeito que, um olho na cobra, outro na idéia ou na coisa que pretende fazer significar, iluminar, apreender, interpretar, simbolizar, enfim, une os dois, sem os unir de fato. Claro, não vai o sujeito pegar uma cobra e simbolizar, com ela, um vaso sanitário (eu imagino que não). Mircea Eliade já nos deixou convencidos, pelo menos a mim, de que os símbolos carregam uma certa categoria – modalidades – da coisa simbolizada, ou vice-versa (seja como for, há certa relação de proximidade modal entre as duas grandezas). Naturalmente, contudo, e de novo, é o sujeito que se apercebe dessa modalidade, e faz o link. Inclusive porque essas “modalidades” são, todas, sem exceção, intra-humanas, noológicas todas, nada há que não o seja, e se não o for, existe sem modalidade, e de um jeito que sequer sentido se arroga ter, porque semântica é até física, no sentido de que o pensamento, Edgar Morin já denunciou, ultrapassando Descartes, insere-se e fundamenta-se na matéria, consome energia mitocondrial, emerge dos quarks...
Não é, pois, nada óbvio, não. E, no entanto, incontornável. De forma que a fórmula “Deus é símbolo para Deus” deveria ser reescrita, mais analiticamente, mais fenomenologicamente, mais complexamente: Deus é símbolo para a idéia Deus que alguém tem sobre Deus. Decompondo-a: intuindo o inefável na qualidade de inefável (o segundo Deus), o sujeito toma um símbolo (o primeiro Deus) para com ele referir-se, simbolicamente, ao Deus (o terceiro Deus), conforme o concebe (retorno ao segundo Deus). Porque começa (começa?) e retorna ao segundo termo, ao Deus enquanto intuição do inefável, a fórmula é complexa, porque recorrente. E é ainda mais complexa, se admitirmos que o símbolo Deus (o primeiro termo) é ao mesmo tempo conteúdo da intuição do inefável (o segundo termo). E ainda mais, porque, não importa se existindo ou não fora da intuição, desde Edgar Morin e o desenvolvimento que nos apresentou danoologia tomada de Teilhard de Chardin sabemos que as idéias nos possuem invariavelmente, Deus, enquanto terceiro termo, retroage recursivamente sobre a intuição, e já também, então, sobre o símbolo, de tal forma que todos os termos se tornam univalentes, ainda que distintos, e, tudo isto, por e para um sujeito. Um sujeito – não o assassinemos mais.
Se esse sujeito é, digamos, desconsiderado, negligenciado, sub-repticiamente escondido, adredemente assassinado, eis a coisa flutuando, Deus, o primeiro termo (de Tillich), e apontando, por si mesmo para Deus, o segundo termo (também de Tillich), porque é seu mister, seu fado e seu enfado apontar para Deus, não houvessem nascido os homens e as mulheres, lá estaria, ainda assim, aguardando, esperando, pacientemente, posto que, se os homens são feitos, a rigor, de quarksgluons e muons, dentre outras pequeníssimas e inimagináveis subpartículas físico-noológicas, não são os próprios quarks e seus companheiros de revoluções os pensadores, os dizedores, os escritores, nem ainda os leitores...
Na fórmula que reescrevo, os três termos não podem ser dissociados. São complexos na sua relação recursivo-recorrente. Mas seja subtraído o fundamento antropológico, tributo a Feuerbach, e puff, tudo o que é sólido dissolve-se no ar, porque os três termos são indissociáveis e complexamente mutuamente fundadores uns dos outros tão somente na medida em que são, todos e cada um, grandezas noológicas, idéias do pensamento humano, demasiado humano...
Que se trata, então, de um trinômio, antes que de um binômio, a Teopoética fez parir a evidência. Por quê? Porque a Teopoética ainda há de meter-se a desmontar um certo acordo lingüístico-literário: a da insuficiência do autor, a da inutilidade do (conceito de ) autor, da dispensabilidade metodológica dele e de tudo quanto tem cheiro dele. Sem (aqui) pretender entrar na briga e enfrentar todos os canhões com que se enfrentam todas asintentio (noutro momento, noutro lugar, convidem-me para a briga, já comprei a minha pólvora, já limpei os canos das armas), apenas reitero meu desgosto pela maneira asséptica com que o sujeito humano foi varrido da literatura, de alguma literatura acadêmica, de algumas cátedras, o sujeito humano concreto da carne e do osso e da História, em troca de uma humanidade fantasmagórica, espectral, transversa e transparente, manipulável de cima (para baixo). Num acordo tácito como esse, qual seja o de todos os presentes não denunciarem o próprio acordo, e de repetirem todos o mesmo discurso, o texto pelo texto, ah, não, o texto pelo leitor, tá bom, vá lá, que seja o texto pelo texto, ou o texto pelo leitor, mas que se pare aí, não surpreende que a Teopoética venha a estragar tudo, logo ela, logo Ele, falando de sujeito pensante...
A Teopoética nasce no ambiente literário, mas rasga o próprio útero, e, descuidada (cansada?), põe a cabeça fora da janela, e comete a blasfêmia de mencionar, na sala dos acordos, agora, a palavrinha maldita e maltratada: autor. Não é A Metaformose que interessa à Teopoética, mas a crise de Deus em Kafka, descortinável em A Metamorfose.Celeste , ou você vai ter muito trabalho, ou fará um trabalho de gaveta, uma dessas inconveniências que soem emergir das trevas freudianas de quando em quando, mas que os sacerdotes e as sacerdotisas da assepsia epistemológica de conveniência sabem isolar...
Adoraria ver seu trabalho na fronteira - um marco de fronteira. Nele, estaria escrito: não posso ir aí, vem cá! Cada um de seu posto de observação, e cada um por sua vez, o exegeta leria, levantar-se-ia, e ia ter contigo. Os dois, sentados ali, na fronteira, conversariam sobre seu trabalho, enquanto ele é feito, e depois disso; o literato, de lá de seu posto, também, curioso, animado, eufórico, vai, levantar-se-ia e juntar-se aos dois seria um prazer; o historiador, por que ficar lá longe, se ele mesmo, quantas vezes, ou é exegeta, ou não é historiador? Lá iria ele, também, catando seixos, porque entre exegeta e historiador, esconde uma alma arqueológica! De postos mais distantes deveriam vir outros (todos? Por que não?): psicólogos, lingüistas, neurolingüistas, filósofos, antropólogos-sociológicos, se deixo alguém de fora não é de propósito nem de má vontade.
Dado isso que escrevi, deixei você mesma sem classificação – que és? Poeta? Não – já discutimos isso. Exegeta? Não necessariamente, ainda que também tenhamos concluído (provisoriamente?) que toda Teopoética é exegese, ou não é Teopoética, ainda que nem toda exegese seja Teopoética. Lembra-se? Aposto que sim. Pensamos juntos tratar-se a Teopoética não propriamente de um capítulo da exegese, mas de uma ferramenta dela. Talvez se queira pensar na palavra “especialidade”, mas desgraçada é essa palavra desde a modernidade dissecadora, boa e má ao mesmo tempo. Melhor pensar a Teopoética como um conjunto de ferramentas da exegese, necessária num momento específico, qual seja o de o/a exegeta deparar-se com o tema do sagrado no texto.
Se aceitarmos uma tal percepção da Teopoética, um tal teopoeta (que termo, não? Mas teólogo não é quem faz Teologia?) não é, em particular, representante de nenhuma daquelas “humanidades”, mas é, por outro lado, catalisador de todas elas – aliás, deixe-me dizer, como o deveria ser todo profissional de qualquer das ciências: das ciências do pensamento, das ciências do texto, das ciências da terra, das ciências do homem, das ciências do cosmo etc, porque, caso contrário, lá se vão mais uma vez erguerem-se as paredes, porem-se as janelas de vidro blindado, fincarem-se as bandeiras, ah, as bandeiras, escreverem-se as tabuletas, confeccionarem-se os crachás, atravessarem-se sempre novamente os Rubicões, tomarem-se, como sempre, os territórios.
A Teopoética, porque interessada no pensamento sobre Deus que os autores manifestam em suas composições (a seu modo, e a seu jeito, a Física, na UERJ, consta estar ou ter feito a mesma coisa com os físicos-teólogos dos séculos XVII a XIX, mas desconheço os paradigmas epistemológicos de tal empreendimento), impõe uma reformulação no discurso em torno da literatura. Exige uma revisão na teoria literária. Evoca um retorno às pranchetas no que concerne à teoria do texto.
Adélia Prado é um gigante. A Teopoética é monstruosamente enorme. Mas, Celeste, entrevejo em seu trabalho de doutorado alguma coisa ainda maior – você tocará os fundamentos das salas de pesquisa. Das duas uma: ou eles se mostrarão duros demais, e sua sexta-feira, por demais leve; ou veremos fulgurar uma fagulha (beduína? sedentária?) num campo do saber que anseia o retorno ao histórico, ao psicológico, ao humano, depois de passado o espectro malvado da desumanização estruturalista, sobrevivida entre nós nos discursos assépticos da epistemologia literária que, mais cedo ou mais tarde, não vê você, cansado de flutuar à mercê quem sabe de que, retorna ao colo cálido do corpo, corpo que pensa, pensamento que funda, fundação que nos bate à porta como uma coisa em si, mas que, agora, quem sabe, voltemos a saber, ainda é corpo.
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Ricardo Gondim



Começo este texto com uns 15 anos de atraso. Eu explico. Nos tempos em que outdoors eram permitidos em São Paulo, alguém pagou uma fortuna para espalhar vários deles, em avenidas, com a mensagem: “São Paulo é do Senhor Jesus. Povo de Deus, declare isso”.

Rumino o recado desde então. Represei qualquer reação, mas hoje, por algum motivo, abriu-se uma fresta em uma comporta de minha alma. Preciso escrever sobre o meu pavor de ver o Brasil tornar-se evangélico. A mensagem subliminar da grande placa, para quem conhece a cultura do movimento, era de que os evangélicos sonham com o dia quando a cidade, o estado, o país se converterem em massa e a terra dos tupiniquins virar num país legitimamente evangélico.

Quando afirmo que o sonho é que impere o movimento evangélico, não me refiro ao cristianismo, mas a esse subgrupo do cristianismo e do protestantismo conhecido como Movimento Evangélico. E a esse movimento não interessa que haja um veloz crescimento entre católicos ou que ortodoxos se alastrem. Para “ser do Senhor Jesus”, o Brasil tem que virar "crente", com a cara dos evangélicos. (acabo de bater três vezes na madeira).

Avanços numéricos de evangélicos em algumas áreas já dão uma boa ideia de como seria desastroso se acontecesse essa tal levedação radical do Brasil.

Imagino uma Genebra brasileira e tremo. Sei de grupos que anseiam por um puritanismo moreno. Mas, como os novos puritanos tratariam Ney Matogrosso, Caetano Veloso, Maria Gadu? Não gosto de pensar no destino de poesias sensuais como “Carinhoso” do Pixinguinha ou “Tatuagem” do Chico. Será que prevaleceriam as paupérrimas poesias do cancioneiro gospel? As rádios tocariam sem parar “Vou buscar o que é meu”, “Rompendo em Fé”?

Uma história minimamente parecida com a dos puritanos provocaria, estou certo, um cerco aos boêmios. Novos Torquemadas seriam implacáveis e perderíamos todo o acervo do Vinicius de Moraes. Quem, entre puritanos, carimbaria a poesia de um ateu como Carlos Drummond de Andrade?

Como ficaria a Universidade em um Brasil dominado por evangélicos? Os chanceleres denominacionais cresceriam, como verdadeiros fiscais, para que se desqualificasse o alucinado Charles Darwin. Facilmente se restabeleceria o criacionismo como disciplina obrigatória em faculdades de medicina, biologia, veterinária. Nietzsche jazeria na categoria dos hereges loucos e Derridá nunca teria uma tradução para o português.

Mozart, Gauguin, Michelangelo, Picasso? No máximo, pesquisados como desajustados para ganharem o rótulo de loucos, pederastas, hereges.

Um Brasil evangélico não teria folclore. Acabaria o Bumba-meu-boi, o Frevo, o Vatapá. As churrascarias não seriam barulhentas. O futebol morreria. Todos seriam proibidos de ir ao estádio ou de ligar a televisão no domingo. E o racha, a famosa pelada, de várzea aconteceria quando?

Um Brasil evangélico significaria que o fisiologismo político prevaleceu; basta uma espiada no histórico de Suas Excelências nas Câmaras, Assembleias e Gabinetes para saber que isso aconteceria.

Um Brasil evangélico significaria o triunfo do “american way of life”, já que muito do que se entende por espiritualidade e moralidade não passa de cópia malfeita da cultura do Norte. Um Brasil evangélico acirraria o preconceito contra a Igreja Católica e viria a criar uma elite religiosa, os ungidos, mais perversa que a dos aiatolás iranianos.

Cada vez que um evangélico critica a Rede Globo eu me flagro a perguntar: Como seria uma emissora liderada por eles? Adianto a resposta: insípida, brega, chata, horrorosa, irritante.

Prefiro, sem pestanejar, textos do Gabriel Garcia Márquez, do Mia Couto, do Victor Hugo, do Fernando Moraes, do João Ubaldo Ribeiro, do Jorge Amado a qualquer livro da série “Deixados para Trás” ou do Max Lucado.

Toda a teocracia se tornará totalitária, toda a tentativa de homogeneizar a cultura, obscurantista e todo o esforço de higienizar os costumes, moralista. 

O projeto cristão visa preparar para a vida. Cristo não pretendeu anular os costumes dos povos não-judeus. Daí ele dizer que a fé de um centurião adorador de ídolos era singular; e entre seus criteriosos pares ninguém tinha uma espiritualidade digna de elogio como aquele soldado que cuidou do escravo.

Levar a boa notícia não significa exportar uma cultura, criar um dialeto, forçar uma ética. Evangelizar é anunciar que todos podem continuar a costurar, compor, escrever, brincar, encenar, praticar a justiça e criar meios de solidariedade; Deus não é rival da liberdade humana, mas seu maior incentivador.

Portanto, Deus nos livre de um Brasil evangélico
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24 dezembro 2010

FESTA PAGÃ CRISTÃ

Entra ano e sai ano, e a história não muda, seria comodismo, ignorancia, ou burrisse mesmo?
A data na qual vocês estão comemorando hoje parece de fato ser importante e indispensável a todos, a festa da enganação se aproxima, tal data deveria simbolisar um sacrificio impar, que fingimos lembrar teimamos ao prosseguir nos enganando ano após ano, os perssonagens mudam mas o roteiro ainda é o mesmo e por anos nos perssegue, inssistimos e acreditamos nele de tal maneira que mentimos, somente e tão somente a nós mesmos! Porque nos enganamos a tal ponto?
Natal serve tão somente para lavar a alma, fingimos comemorar algo bom, fingimos fazer algo bom, fingimos ser boas pessoas mas no fundo somos todos leprosos e estamos prestes a apodrecer, se é que já não estamos podres!
Comemoramos Cristo mas cultuamos o capilatismo, nos tramcamos em nossos guetos evangelicais, nos trancamos com nossas familias, trocamos presentes, dos melhores possiveis! Fazemos a melhor comida do ano! Gastamos o dinhero que não temos! Entramos o ano fudidos e cheio de dividas.
Compramos brinquedos baratos para doar nas campanhas, enquanto para nossos amigos e parentes, as melhores coisas são compradas! Fazemos sopa e compramos até um frango assado a fim de alimentar os sedentos miseráveis.
Olhamos para cima e nos sentimos aliviado de ter feito nossa parte. Todavia estamos nos fartando em picanha, alcatra, costela entre outras. A data do NATAL nada mais é que uma grande mentira nossa para nós mesmos, pregamos um amor que fingimos viver!

NA VERDADE NÃO É NATAL! ISTO POUCO IMPORTA QUE CRISTO NASCEU, AFINAL NESTA DATA QUERIDA POUCA COISA FAZEMOS FAZEMOS DO QUE ELE ENSINOU! É SÓ UMA FESTA PAGÃ E NESTA DATA QUERIDA NOS TORNAMOS AINDA MAIS PAGÃOS!

SÓ POSSO LHES DESEJAR O PIOR NATAL DO MUNDO, E QUE ELE VENHA SER BOM A PARTIR DO MOMENTO QUE VOCÊ DE FATO SE IMPORTAR COM QUEM DE FATO PRECISA!  NO DIA EM QUE DEICHAR-MOS DE SER PAGÃO E NOS TORNAMOS CRISTÃOS TALVEZ SEJA UM BOM NATAL!

PARE DE SER EGOISTA E MENTIR A VOCÊ MESMO NADA TEM DE BOM, EM VOCÊ SE FARTAR E OUTROS ESTAREM NA MISÉRIA!!!!
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Mario Jonas Nicocelli

COMO O PROTESTANTISMO CONSTRÓI E CONHECE A REALIDADE
Parte I do resumo de um capítulo do livro religião e repressão (Rubem Alves)  
O presente texto se propõe a fazer uma explanação entre fé emocional e fé racional. O autor começa colocando o ponto de vista e as diferenças entre as expressões de um recém convertido e uma pessoa mais antiga na fé. Segundo Rubem Alves os dois tem discursos diferentes, o primeiro, emocional, revela o que se passa na alma, o outro, no entanto expressa uma racionalidade, uma cosmovisão da realidade, sendo assim sempre que a emoção é expressada, revela-se certa irracionalidade e o falso, já na manifestação da racionalidade, habita a verdade.Como afirma Dewey,
‎"Se tomarmos a palavra sonho com uma certa realidade, não será demasiado afirmar que o homem, exceto nas situações ocasionais de trabalho e lutas reais, vive num mundo de sonhos antes que de fatos, e um mundo de sonhos que é organizado em torno de desejos cujo sucesso e frustração forma sua própria essência" [1]
Logo a fé não deve ser baseada em emoções e sim na racionalidade em busca de inteligência, e onde houver tal racionalidade haverá também a experiência emocional que a sustenta. No entanto fé e razão não estão opostas. Como afirma Durkheim as categorias fundamentais do pensamento e, conseqüentemente, da ciência são de origem religiosa. Todavia a racionalidade é uma máscara da experiência fundamental que resolve o problema vivido pela experiência emocional.
Alvez afirma que esta é uma experiência não só religiosa, mas da própria linguagem, onde a mesma revela e oculta simultaneamente. Sendo assim a razão está para afirmar o que de fato existe, criando certa claridade para explicar e compreender, totalizando assim, sua verdade. Construindo uma zona de claridade, paralela a obscuridade “proposital”, conflitos valorativos exigem racionalização, criando cegueira em uns e curiosidade em outros, já ao lado emocional é mais viável desconhecer a conhecer. A racionalidade tenta aniquilar a experiência fundadora da fé (neste caso conversão). Para Rubem a conversão implica em fé e dúvida, sendo dúvida o terror. Terror este que se perde na racionalidade, todavia tal racionalidade não deve ser vivida como conhecimento absoluto, isto a transformaria em dogma.
Para o novo convertido o Cristo é tão somente, o símbolo dos sentimentos de alegria e paz que sua nova escolha lhe proporciona, estes são a essência base da experiência religiosa. Sendo assim tal experiência é fruto não do pensar ou do fazer, mas simplesmente do sentir. Logo o ser divino é puramente seu próprio sentimento, se tornando assim uma experiência não teológica, mas antropológica. Para o autor tal afirmação seria basicamente o que afirmou kierkegaard verdade é subjetividade. Caímos então em um paradigma que o próprio Sorem cita numa ilustração. [...] Havia dois homens, um adora o Deus verdadeiro com o coração falso, o outro o Deus falso com o coração verdadeiro [...]. Tais afirmações implicam na infinidade do objeto seja ele qual for. Desta forma o homem nunca sentirá o divino a menos que sua paixão seja infinita. Neste caso a fé não esta fundada em um objeto, mas sim no infinito de sua paixão. Ora se esta estivesse fundada em um objeto histórico o efeito seria maior que a causa, e um ponto de partida histórico para o eterno nada mais é que um interesse histórico.
Como afirma Paul Tillich a fé é simplesmente fé, não dirigida, absoluta, sendo assim o converso só tem as emoções que lhe garantem e afirmam o divino, sua experiência subjetiva lhe garante  a objetividade do ser divino, partindo de sua experiência ele pode afirmar “eu me sinto salvo”, todavia sua experiência de fé não comporta a afirmação, “logo eu sou salvo”. Embora que tal afirmação seja feita, esta é carregada com dúvidas, pois duvida e fé são inerentes, embora exista um abismo entre paixão subjetiva e experiência objetiva.
Sendo assim tudo que é objetivo e verdadeiro é também finito, portanto nada tem a dizer ao coração, a objetividade nada tem a explanar sobre o sentido da vida, porém a incerteza e a dúvida estão unidas por um risco apaixonado. Temos assim objetivamente as incertezas e os riscos da fé. Deste modo afirmar a fé, seria o mesmo que dizer: “eu aposto que” ao invés de “eu sei que”, inibindo assim minhas decisões, uma vez que todas as dúvidas chegarão ao fim. Agarrei-me então ao objeto da fé deixando que ela decida por mim. Tal improbabilidade é o ponto central da fé. Todavia arriscamos assim a vida na mesma.
Percebemos assim que a fé exerce certa limitação no que tange determinado objeto de conhecimento, Uma vez que Deus não pode ser compreendido, pois se assim fosse deixaria de ser Deus, e não sendo Deus o objeto da experiência, só nos restam as incertezas e a infinita paixão. Sendo igualmente a fé, a linguagem que a comunica é tão somente ambígua, indireta e subjetiva como o objeto da fé, pois o que se tem a comunicar é transcendente a realidade. No entanto não podemos reduzir tal linguagem ao mutismo, pois a mesma se expressa por meio de confissão, a experiência está além da linguagem verbal, tornando assim a comunicação com o divino algo único e totalmente pessoal, isto transcende o poder da linguagem.
No entanto o fato de que a mensagem baseada no conhecimento não tem caráter absoluto, tudo não passa de meros palpites, baseados em novas descobertas, mesmo sendo palpites e não tendo caráter absoluto, não deixam de ser verdades. Ricoeur nos atenta alegando que nossa tentação nada mais é que a busca por conhecimento, na tentativa de nos igualarmos a Deus. Na conquista de conhecimento, os mesmo se tornam nossos ídolos se tornando posteriormente nossos senhores, caímos assim no dogmatismo, como afirma Hegel:
O dogmatismo como forma de pensar, seja no conhecimento ordinário ou no estudo da filosofia, é nada mais que a opnião de que a verdade consiste numa preposição, que é um resultado fixo e final, e que é conhecida diretamente.[2]
Sem dúvidas para o protestante, ter certeza da salvação é algo indispensável, todavia não há formas para se verificar os sentimentos que habitam a alma. São prisioneiros da subjetividade. Logo tal confissão é real para aquele que assim se expressa, deste modo o  converso não sabe no que de fato crê, no entanto a comunidade de fé sabe, inicia-se então o processo de ‘discipulado’ que baseia-se não na expressão, mas sim na impressão a ser causada na comunidade. Chegamos assim a conclusão que a bíblia nada mais é que, a confissão de um povo sobre sua experiência com o divino e uma expressão cultural.


[1] Dewey. Jhon. Reconstruction in Philosophy, 1962, 7.
[2] G. W. F. Hegel,  The Phenomenology of mind, 1967, p. 99
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Por Vanessa Ramos
Da Página do MST
O 2º Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA), elaborado durante o primeiro mandato do presidente Lula, previa desapropriar 30 milhões de hectares de terras para assentar um milhão de famílias. Tratava-se, portanto, de desapropriar uma quantidade grande de terras, hoje nas mãos de latifundiários.
No entanto, inúmeros tropeços e dificuldades enfrentados pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) prejudicaram a implementação das medidas que garantiriam a desapropriação das terras.
Em 2009, por exemplo, o governo assentou de fato 23 mil famílias apenas, segundo Ariovaldo Umbelino, professor de Geografia Agrária da Universidade de São Paulo (USP).
Para ele, o papel desempenhado pelo Incra continua o mesmo dos tempos do governo do Fernando Henrique, Itamar Franco, Fernando Collor de Mello e no governo militar. “O Incra só fez assentamento onde há pressão e conflito. Do contrário, ele nunca esteve empenhado em cumprir o que o plano estabelecia”, diz.
Função social
A Constituição brasileira, promulgada em 1988, determina no artigo 186 que um latifúndio será desapropriado sempre que o proprietário não fizer um aproveitamento racional e adequado; não preservar o meio ambiente; desrespeitar as leis trabalhistas e prejudicar o bem-estar social.
De acordo com Valdez Adriani Farias, procurador federal do Incra de Santa Catarina, somente depois do lançamento da 2º PNRA, o alvo da Reforma Agrária passou a ser na prática não só as terras improdutivas, mas também aquelas em que o proprietário descumpria a sua função social, ou seja, as leis trabalhistas, ambientais e de bem-estar.
“O Incra vem sendo orientado para fazer a fiscalização de todos estes aspectos. Até então, a função social era reduzida apenas ao aspecto econômico, de forma que o imóvel considerado produtivo ficava imune à desapropriação ou sanção, mesmo que a exploração do imóvel se desse em afronta as leis ambientais ou até mesmo com trabalho escravo. Uma interpretação, obviamente, absurda”, aponta Valdez.
No entanto, a primeira área desapropriada pelo Incra por desrespeitar a legislação ambiental foi a Fazenda Alegria, em Felisburgo, em 2009. Nessa área, foram mortos cinco Sem Terra seis anos atrás. O latifundiário ainda tenta suspender o processo na Justiça.
Em relação às questões trabalhistas, a Proposta de Emenda Constitucional 438/2001, que prevê o confisco de terras de latifundiários que exploram trabalho escravo, está parada aguardando votação desde 2004 na Câmara dos Deputados.
Nesse quadro, foram assentadas muito menos famílias do que o esperado. Cerca de 220 mil famílias em oito anos, sustenta Umbelino. No segundo mandato, a situação ficou ainda pior, porque não foi elaborado um novo plano nacional. “O governo se descompromissou em fazer a Reforma Agrária e passou a adotar uma política de contra Reforma Agrária”, avalia o professor da USP.
Segundo o Dr. Rosinha, deputado federal do PT-PR, o Incra tem de fato ainda muitas dificuldades de implementar medidas de desapropriação de terras no Brasil. Para ele, não é falta de vontade política, mas ausência de quadros de funcionários.
“Hoje o número de funcionários do Incra é insuficiente para a viabilização todo um programa de Reforma Agrária, mesmo que tenha maior disponibilidade orçamentária, o número de funcionário não daria conta de executar as tarefas”, informa.
Poder Judiciário
Para Umbelino, o Brasil tem leis suficientes para resolver os problemas da estrutura agrária do país. “A questão é que o Ministério Público não fez ações para obrigar o Incra a fazer a Reforma Agrária. O que está faltando é isso, pressão do Ministério Público”, conta.
Contudo, os instrumentos postos à disposição do Incra podem ser mais eficientes, na opinião de Valdez. Alguns precisam ser reformulados e outros melhor compreendidos ou potencializados.
Por exemplo, um dos instrumentos a ser utilizado pelo órgão é a aquisição de imóveis pela modalidade compra e venda. Este método vem sendo pouco utilizado porque a forma de pagamento se dá em condições e prazos parecidos com a desapropriação ou a sanção, que não são bem aceitos pelo mercado imobiliário.
“Sendo a compra um ato que depende da concordância do vendedor, poucos proprietários concordam em vender os imóveis nas condições e prazos previstos no Dec. 433/92. Este instrumento, que é complementar à desapropriação, poderia ser potencializado com uma reformulação no sentido de prever prazos e condições condizentes como mercado de terras”, explica o procurador federal.
Ainda na opinião do procurador, esse instrumento propicia vantagens. Uma delas é que o Incra utilizaria essa ferramenta somente para comprar terras de qualidade e localizadas próximas aos grandes centros ou com fácil escoamento da produção.
Além disso, seria possível evitar a judicialização, ou seja, compra e venda são encerradas com uma escritura pública. Outro benefício é a possível diminuição de pagamentos dos pesados juros compensatórios e moratórios que incidem nos processos judiciais de desapropriação.
“Mas repito, este instrumento é complementar à desapropriação e não pode substituí-la. A desapropriação-sanção deve ser o principal instrumento do Incra para aquisição de imóveis. Mas a eficiência desse instrumento depende da atualização dos índices de produtividade, que como sabemos estão muito defasados, pois estão baseados no Censo Agropecuário de 1975”, reforça Valdez.
Assim, a eficiência do instrumento da desapropriação depende, sobretudo, de uma mudança de entendimento que predomina no âmbito do Judiciário.
A Lei Complementar 76/93, no artigo 18, ordena que o processo judicial de desapropriação por interesse social para fins de Reforma Agrária tem caráter preferencial e prejudicial em relação a outros processos que envolvam o imóvel.
“A Constituição é clara, mas a maioria esmagadora dos juízes que possuem visão eminentemente civilista continua suspendendo os processos de desapropriação em clara afronta à Constituição e à Lei Complementar”, afirma o promotor.
Por essa razão, os processos se prolongam por vários anos, o que atrasa consideravelmente a implantação da Reforma Agrária, além de elevar os custos, pois as indenizações acabam incidindo pesados juros compensatórios.
Perspectivas
A solução definitiva desses problemas depende, segundo Valdez, da boa vontade do Poder Judiciário em aplicar a Constituição e a Lei Complementar que ordena que o processo de desapropriação deva ter trâmite preferencial.
Para ele, os problemas burocráticos existem, mas podem ser resolvidos com gestão. E completa ao dizer que não é concebível “que um processo que encerra uma urgência e tem em vista o atendimento de um interesse social, já declarado pelo Presidente da República, fique no aguardo do desfecho de uma ação declaratória de produtividade ajuizada pelo proprietário do imóvel”.
Um levantamento realizado pela Procuradoria do Incra informa que existem mais de 200 processos de desapropriação suspensos em face desse entendimento que, de acordo com o procurador federal do Incra, simplesmente desconsidera a previsão constitucional e legal.
“Portanto, penso que a realização da Reforma Agrária depende de vontade política e de uma efetiva atuação dos três poderes da República. Por outro lado, é fundamental a existência dos movimentos sociais organizados reivindicando a efetivação da Constituição da República”, finaliza Valdez.
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