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14 outubro 2010

Para alguns, ser cristão é ter regularidade nos cultos e missas nas denominações que freqüentam.
Certa vez, perguntei para alguns jovens de uma igreja como estava um amigo muito querido que era membro da mesma comunidade de fé que a deles. Alguns desconversaram e um deles, cabisbaixo, disse: Gito, o fulano tá desviado, ele começou a trabalhar todos os domingos, então não vai mais à igreja.
O rapaz não estava desviado, na verdade, estava empregado. 
Para muitos, como a igreja segundo a religião se tornou lugar sagrado não pela reunião em nome do Cristo, mas como único local onde Deus se manifesta. Não freqüentar com assiduidade as reuniões é um desvio do caminhar na fé.
Estou desviado.
Não freqüento com assiduidade as igrejas por onde passo. Na verdade, com tantas andanças, não tenho uma igreja fixa, do modelo comum. E mais: minha igreja acontece no caminhar. Comungo andando, pelas estradas, com estranhos tão próximos. Sou peregrino. Comungo o pão com os famintos e as angústias com pecadores e gente que tem tanta dor que não possuem respostas, mas não deixam de crer e eles não estão na igreja, mas são igreja comigo.
Não sou contra as igrejas. Mas faço oposição ao modelo que adotaram. Não peço o fechamento delas, peço que o espaço físico seja tão bem aproveitado que tenha espaço também para pecadores e sirva à sociedade, e mais: a consciência que só é igreja se for aproveitada para o bem comum, para o próximo, numa ligação. Sim, porque está na moda dizer que somos templos do Espírito (levando-nos à individualidade). Sim! Eu sou templo, meu corpo é casa de Deus, mas igreja só será se for eu mais alguém e outros (levando-nos à Comunidade). Comunidade acontece entre duas pessoas ou mais. Não existe comunidade com um só morador. E só é comum se for para ambos.
Estes dias, depois de muitos meses sem ir à igreja da qual eu sou membro por causa dos muitos compromissos em tantos lugares, fui à reunião matinal. Mas tanta ausência me pregou uma surpresa. Mudaram os horários e cheguei no final. Todos se cumprimentavam, quando eu apareci na porta de entrada, e fiquei ali esperando a saída de alguns amigos. Uma senhora, que eu não via há anos, me mirou e veio séria na minha direção. Abri o sorriso, quando ela fechou a cara e ordenou: Faz favor, tire o boné.
Depois de muito tempo sem vê-la, o que importava mais que minha visita era meu traje inadequado. 
E quantas vezes eu vi tais discursos legalistas em tantos locais! O mais chocante foi de um dos líderes da igreja que ao ver o tênis esfarrapado do rapaz, o chamou de canto e falou em seus ouvidos. O rapaz quieto se retirou da igreja. Dias depois, ele me procurou dizendo: Aquele homem me pediu para vestir um calçado mais apropriado pro culto. 
Esse rapaz era skatista amador, quase se profissionalizando e quem anda de skate tem todos os tênis surrados. Nunca mais apareceu! 

Na parábola do filho pródigo, Jesus narra que o rapaz voltava para casa, exaurido e faminto, chagado pela andança sem rumo e sujo pelos pecados e a vida no chiqueiro a cuidar de porcos numa terra distante, quando seu pai de longe o avistou e compadecido dele, correu e o abraçou. E nisso ele faz o percurso de volta para casa, acompanhando o filho e só depois que ele diz aos empregados: Trazei depressa a melhor roupa e vesti-o.
A preocupação primária é o retorno, é o filho que estava perdido e foi achado.
Nós sempre tratamos as coisas de Deus assim como tratamos o próximo. O legalismo nos obriga a cobrir a nudez das esculturas dos anjos, a trajar Jesus corretamente caso ele apareça de súbito em uma de nossas reuniões ou contratar um especialista em moda para vestir João Batista, pois aquela capa de pele de animal além de horrível traz um odor insuportável e quem sabe aparar a sua barba e cabeleira e ensinar ética com bons modos para aquele homem grosseiro do deserto. 
Não importa se um soldado vai para a guerra de seu país. Importante é como ele estará trajado no dia que voltar.
Por causa das vestes que se tornaram mais importantes que o ser que a veste, muitos não desnudam o coração diante de Deus e o embrulham num papel de presente.
Por causa dos templos que feitos de mármores se tornaram mais importantes que a reunião das pessoas, muitos preferem a solidão ou a marmorização do coração.
Por causa do mercantilismo das bênçãos que importam mais que a Graça gratuita a todos [mas com preço de dores de morte para Jesus], muitos compram e vendem a fé.
Essas coisas secundárias (e olha lá) viraram prioridades nas muitas igrejas que conheço ao ponto delas se tornarem um clube social, onde só serve quem serve com regularidade, todos uniformizados e calados.
Tenho muito mais a falar e conheço muitos que estão cansados desses modelos farisaicos adotados em muitas igrejas!
Calma! Não estou falando das igrejas que geralmente queimam o filme, dos megalomaníacos pastores televisivos ou das que arrastam multidões que marcham segundo a teologia da prosperidade! Estou falando das igrejas que até bem pouco tempo atrás se orgulhavam do exemplo ético e do compromisso com o evangelho da verdade. 
Ah, você só não sabe do que falo se não quer saber! Só não vê se não quiser ver! Ou se de certa forma, está viciado neste modelo, amarrado por muitas circunstâncias, principalmente as morais e financeiras. 
Olhe em volta!
O que vemos são milhares de fiéis a reuniões, frases prontas e slogans, modismo gospel e repetições moralistas, e mais... O que não temos visto é a propagação do evangelho da Graça, sem neurose, libertinagem e revanchismo evangélico, mas centrado no amor que opera pela justiça.
Não há evangelho! Há religiões e seus dogmas. Sendo assim, é decretada a falência das igrejas, dos templos e das denominações.
E então muitos questionam: Jesus disse que as artimanhas do inferno não prevaleceriam contra a igreja e você com esse papo!
Com as distorções quase imperceptíveis ( leia algumas distorções ) muitos, se ficarem sem igreja acharão que Deus está morto. Associam tanto Deus às congregações cristãs que se elas falirem - não apenas financeiramente, mas também objetivamente – grandes impérios eclesiásticos tem caixas para mais 6 bilhões de anos sobre a terra, e lutam contra a falência da objetividade ao envenenar multidões e os deixarem dopados, viciados e dependentes – se tais religiões falirem por causa do caminho que resolveram trilhar, muitos acharão que Deus ficou pobre ou que desistiu de ser cristão.
Deus não é cristão e nem o próprio Cristo é. 
E se você não compreende isso, com certeza, está assustado com tal possibilidade e se escandalizará quando as comunidades de fé ruir juntamente com os templos feitos por mãos de homens.
Isso está dito há tempos! Leia os evangelhos! 
Para aqueles que guiados pela Graça e misericórdia, traçaram outro caminho, não será tempo de revolta, mas uma oportunidade.
Quem viver verá e terá discernimento de tais coisas.

Gito
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02 outubro 2010

A mediocridade eclesial

Quem irá ao céu?
Ou quem está destinado ao inferno?
Os homossexuais devem ser aceitos ou não?
As prostitutas podem cantar nas igrejas ou não?
Os pobres são pecadores?
O Pastor é homem de Deus?
A juventude pode ler Marx. Heresia?
Política não pode se misturar com a religião?

A mediocridade é uma doença que está impregnada na instituição eclesiástica há muitos anos, e seus defensores são aqueles que mais apoiam a negação de muitas destas questões. Os moralistas são os que através de um desabafo pessoal destinam os que tem posições diversas ao inferno, que as vezes mais parece com uma invenção para mandar os que perturbam a ordem eclesial, ou que lançam questionamentos que esta não consegue responder.



E as vezes aparecem vozes dentro dela com um ar revolucionário que não passam de palavras da mesma doutrina travestida nas chamadas “novas alternativas”, quando muitas destas “alternativas”na verdade são tão opressoras quanto as “antigas”, e muitas destas vozes do chamado mundo evangélico continuam enriquecendo-se as custas das mesmas estruturas. Possuem palavras confrontativas, escrevem livros e fazem sermões “maravilhosos” mas isto fica somente no âmbito das ideias, pois as estruturas hierárquicas e os vícios destas continuam os mesmos. São vozes distantes da realidade e escrevem do alto dos escritórios e afastados do povo e dos marginalizados, gerados muitas vezes pela própria instituição. Que vista o chapéu aquele que lhe servir.

As tramas que estes vivem são somente do lado dentro, não possuem a voz política em relação a sociedade e não possuem uma posição marcante para a sociedade do lado de fora, e muitas vezes falam de realidades que eles mesmos não conhecem.


Os budistas vão para o céu?
Os muçulmanos são povos excluídos?
Os povos originários da América Latina não acreditam no nosso Deus?
As religiões afros são idolatras?


Monopolizam o Reino e a verdade, quando na verdade para Cristo o Samaritano foi o próximo, o Centurião teve fé e o que dizer da Sírio Fenícia? O próprio Deus encarnado no filho do carpinteiro pobre não teve essas preocupações, pois acima de nacionalidade e crenças estava o ser humano, e este é o alvo do seu amor e da sua ação. Os povos originários Latino americanos tinham uma fé e um relacionamento com a terra de tirar o chapéu e talvez uma pureza contaminada com a chegada da chamada “civilização” ao nosso continente, e o que dizer das chamada ações de guerra contra o alcorão, chamam o muçulmano de violentos sendo que muitas vezes em nome de Deus exterminaram-se muito destes povos.

A preocupação maior do Cristo da galileia é o homem na sua plenitude e sua luta é a luta contra a desumanização e injustiça dos poderosos em relação aos pobres e ao povo, posição esta que teve que ser muitas vezes de ordem política o que o levou a morte da cruz, deste homem que veio subverter a ordem vigente com uma oferta de um Reino igualitário dentro de uma estrutura opressiva. E porque os escritos do Profeta Marx devem ser heregizados se há uma preocupação pelo ser humano em condições de opressão?

Jesus é nosso Deus!
Jesus nos ama, pois não faltamos ao “culto”!

Se o Cristo encarnado estivesse andando nas ruas em 2010, com certeza estaria com:

Os pobres, marginalizados da globalização.
Os Gays e Lésbicas em Israel.
Com os índios em Chiapas.
Com os sem terra e os que trabalham em condições de exploração no nordeste.
Com os nossos irmãos nas usinas da cana.
Com os Mapuches no Sul do Chile e com os mineiros do Norte.
Com os Latinos nos Estados Unidos.
Com as mulheres no Islã.
Com os trabalhadores explorados nas minas do Congo.
E com aqueles que sofrem e lutam pela humanização dos excluídos em qualquer parte do mundo, independente de uma fé cristã declarada, pois a causa do Reino ultrapassa estas barreiras.

A questão que deveria preocupar as instituições eclesiásticas é que:

Preocupadas com as mediocridades estão ficando de fora da luta histórica de homens e mulheres que tentam uma nova alternativa em um sistema opressor.

por Escobar MCM
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