Para alguns, ser cristão é ter regularidade nos cultos e missas nas denominações que freqüentam.
Certa vez, perguntei para alguns jovens de uma igreja como estava um amigo muito querido que era membro da mesma comunidade de fé que a deles. Alguns desconversaram e um deles, cabisbaixo, disse: Gito, o fulano tá desviado, ele começou a trabalhar todos os domingos, então não vai mais à igreja.
O rapaz não estava desviado, na verdade, estava empregado.
Para muitos, como a igreja segundo a religião se tornou lugar sagrado não pela reunião em nome do Cristo, mas como único local onde Deus se manifesta. Não freqüentar com assiduidade as reuniões é um desvio do caminhar na fé.
Estou desviado.
Não freqüento com assiduidade as igrejas por onde passo. Na verdade, com tantas andanças, não tenho uma igreja fixa, do modelo comum. E mais: minha igreja acontece no caminhar. Comungo andando, pelas estradas, com estranhos tão próximos. Sou peregrino. Comungo o pão com os famintos e as angústias com pecadores e gente que tem tanta dor que não possuem respostas, mas não deixam de crer e eles não estão na igreja, mas são igreja comigo.
Não sou contra as igrejas. Mas faço oposição ao modelo que adotaram. Não peço o fechamento delas, peço que o espaço físico seja tão bem aproveitado que tenha espaço também para pecadores e sirva à sociedade, e mais: a consciência que só é igreja se for aproveitada para o bem comum, para o próximo, numa ligação. Sim, porque está na moda dizer que somos templos do Espírito (levando-nos à individualidade). Sim! Eu sou templo, meu corpo é casa de Deus, mas igreja só será se for eu mais alguém e outros (levando-nos à Comunidade). Comunidade acontece entre duas pessoas ou mais. Não existe comunidade com um só morador. E só é comum se for para ambos.
Estes dias, depois de muitos meses sem ir à igreja da qual eu sou membro por causa dos muitos compromissos em tantos lugares, fui à reunião matinal. Mas tanta ausência me pregou uma surpresa. Mudaram os horários e cheguei no final. Todos se cumprimentavam, quando eu apareci na porta de entrada, e fiquei ali esperando a saída de alguns amigos. Uma senhora, que eu não via há anos, me mirou e veio séria na minha direção. Abri o sorriso, quando ela fechou a cara e ordenou: Faz favor, tire o boné.
Depois de muito tempo sem vê-la, o que importava mais que minha visita era meu traje inadequado.
E quantas vezes eu vi tais discursos legalistas em tantos locais! O mais chocante foi de um dos líderes da igreja que ao ver o tênis esfarrapado do rapaz, o chamou de canto e falou em seus ouvidos. O rapaz quieto se retirou da igreja. Dias depois, ele me procurou dizendo: Aquele homem me pediu para vestir um calçado mais apropriado pro culto.
Esse rapaz era skatista amador, quase se profissionalizando e quem anda de skate tem todos os tênis surrados. Nunca mais apareceu!
Na parábola do filho pródigo, Jesus narra que o rapaz voltava para casa, exaurido e faminto, chagado pela andança sem rumo e sujo pelos pecados e a vida no chiqueiro a cuidar de porcos numa terra distante, quando seu pai de longe o avistou e compadecido dele, correu e o abraçou. E nisso ele faz o percurso de volta para casa, acompanhando o filho e só depois que ele diz aos empregados: Trazei depressa a melhor roupa e vesti-o.
A preocupação primária é o retorno, é o filho que estava perdido e foi achado.
Nós sempre tratamos as coisas de Deus assim como tratamos o próximo. O legalismo nos obriga a cobrir a nudez das esculturas dos anjos, a trajar Jesus corretamente caso ele apareça de súbito em uma de nossas reuniões ou contratar um especialista em moda para vestir João Batista, pois aquela capa de pele de animal além de horrível traz um odor insuportável e quem sabe aparar a sua barba e cabeleira e ensinar ética com bons modos para aquele homem grosseiro do deserto.
Não importa se um soldado vai para a guerra de seu país. Importante é como ele estará trajado no dia que voltar.
Por causa das vestes que se tornaram mais importantes que o ser que a veste, muitos não desnudam o coração diante de Deus e o embrulham num papel de presente.
Por causa dos templos que feitos de mármores se tornaram mais importantes que a reunião das pessoas, muitos preferem a solidão ou a marmorização do coração.
Por causa do mercantilismo das bênçãos que importam mais que a Graça gratuita a todos [mas com preço de dores de morte para Jesus], muitos compram e vendem a fé.
Essas coisas secundárias (e olha lá) viraram prioridades nas muitas igrejas que conheço ao ponto delas se tornarem um clube social, onde só serve quem serve com regularidade, todos uniformizados e calados.
Tenho muito mais a falar e conheço muitos que estão cansados desses modelos farisaicos adotados em muitas igrejas!
Calma! Não estou falando das igrejas que geralmente queimam o filme, dos megalomaníacos pastores televisivos ou das que arrastam multidões que marcham segundo a teologia da prosperidade! Estou falando das igrejas que até bem pouco tempo atrás se orgulhavam do exemplo ético e do compromisso com o evangelho da verdade.
Ah, você só não sabe do que falo se não quer saber! Só não vê se não quiser ver! Ou se de certa forma, está viciado neste modelo, amarrado por muitas circunstâncias, principalmente as morais e financeiras.
Olhe em volta!
O que vemos são milhares de fiéis a reuniões, frases prontas e slogans, modismo gospel e repetições moralistas, e mais... O que não temos visto é a propagação do evangelho da Graça, sem neurose, libertinagem e revanchismo evangélico, mas centrado no amor que opera pela justiça.
Não há evangelho! Há religiões e seus dogmas. Sendo assim, é decretada a falência das igrejas, dos templos e das denominações.
E então muitos questionam: Jesus disse que as artimanhas do inferno não prevaleceriam contra a igreja e você com esse papo!
Com as distorções quase imperceptíveis ( leia algumas distorções ) muitos, se ficarem sem igreja acharão que Deus está morto. Associam tanto Deus às congregações cristãs que se elas falirem - não apenas financeiramente, mas também objetivamente – grandes impérios eclesiásticos tem caixas para mais 6 bilhões de anos sobre a terra, e lutam contra a falência da objetividade ao envenenar multidões e os deixarem dopados, viciados e dependentes – se tais religiões falirem por causa do caminho que resolveram trilhar, muitos acharão que Deus ficou pobre ou que desistiu de ser cristão.
Deus não é cristão e nem o próprio Cristo é.
E se você não compreende isso, com certeza, está assustado com tal possibilidade e se escandalizará quando as comunidades de fé ruir juntamente com os templos feitos por mãos de homens.
Isso está dito há tempos! Leia os evangelhos!
Para aqueles que guiados pela Graça e misericórdia, traçaram outro caminho, não será tempo de revolta, mas uma oportunidade.
Quem viver verá e terá discernimento de tais coisas.
Gito
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Certa vez, perguntei para alguns jovens de uma igreja como estava um amigo muito querido que era membro da mesma comunidade de fé que a deles. Alguns desconversaram e um deles, cabisbaixo, disse: Gito, o fulano tá desviado, ele começou a trabalhar todos os domingos, então não vai mais à igreja.
O rapaz não estava desviado, na verdade, estava empregado.
Para muitos, como a igreja segundo a religião se tornou lugar sagrado não pela reunião em nome do Cristo, mas como único local onde Deus se manifesta. Não freqüentar com assiduidade as reuniões é um desvio do caminhar na fé.
Estou desviado.
Não freqüento com assiduidade as igrejas por onde passo. Na verdade, com tantas andanças, não tenho uma igreja fixa, do modelo comum. E mais: minha igreja acontece no caminhar. Comungo andando, pelas estradas, com estranhos tão próximos. Sou peregrino. Comungo o pão com os famintos e as angústias com pecadores e gente que tem tanta dor que não possuem respostas, mas não deixam de crer e eles não estão na igreja, mas são igreja comigo.
Não sou contra as igrejas. Mas faço oposição ao modelo que adotaram. Não peço o fechamento delas, peço que o espaço físico seja tão bem aproveitado que tenha espaço também para pecadores e sirva à sociedade, e mais: a consciência que só é igreja se for aproveitada para o bem comum, para o próximo, numa ligação. Sim, porque está na moda dizer que somos templos do Espírito (levando-nos à individualidade). Sim! Eu sou templo, meu corpo é casa de Deus, mas igreja só será se for eu mais alguém e outros (levando-nos à Comunidade). Comunidade acontece entre duas pessoas ou mais. Não existe comunidade com um só morador. E só é comum se for para ambos.
Estes dias, depois de muitos meses sem ir à igreja da qual eu sou membro por causa dos muitos compromissos em tantos lugares, fui à reunião matinal. Mas tanta ausência me pregou uma surpresa. Mudaram os horários e cheguei no final. Todos se cumprimentavam, quando eu apareci na porta de entrada, e fiquei ali esperando a saída de alguns amigos. Uma senhora, que eu não via há anos, me mirou e veio séria na minha direção. Abri o sorriso, quando ela fechou a cara e ordenou: Faz favor, tire o boné.
Depois de muito tempo sem vê-la, o que importava mais que minha visita era meu traje inadequado.
E quantas vezes eu vi tais discursos legalistas em tantos locais! O mais chocante foi de um dos líderes da igreja que ao ver o tênis esfarrapado do rapaz, o chamou de canto e falou em seus ouvidos. O rapaz quieto se retirou da igreja. Dias depois, ele me procurou dizendo: Aquele homem me pediu para vestir um calçado mais apropriado pro culto.
Esse rapaz era skatista amador, quase se profissionalizando e quem anda de skate tem todos os tênis surrados. Nunca mais apareceu!
Na parábola do filho pródigo, Jesus narra que o rapaz voltava para casa, exaurido e faminto, chagado pela andança sem rumo e sujo pelos pecados e a vida no chiqueiro a cuidar de porcos numa terra distante, quando seu pai de longe o avistou e compadecido dele, correu e o abraçou. E nisso ele faz o percurso de volta para casa, acompanhando o filho e só depois que ele diz aos empregados: Trazei depressa a melhor roupa e vesti-o.
A preocupação primária é o retorno, é o filho que estava perdido e foi achado.
Nós sempre tratamos as coisas de Deus assim como tratamos o próximo. O legalismo nos obriga a cobrir a nudez das esculturas dos anjos, a trajar Jesus corretamente caso ele apareça de súbito em uma de nossas reuniões ou contratar um especialista em moda para vestir João Batista, pois aquela capa de pele de animal além de horrível traz um odor insuportável e quem sabe aparar a sua barba e cabeleira e ensinar ética com bons modos para aquele homem grosseiro do deserto.
Não importa se um soldado vai para a guerra de seu país. Importante é como ele estará trajado no dia que voltar.
Por causa das vestes que se tornaram mais importantes que o ser que a veste, muitos não desnudam o coração diante de Deus e o embrulham num papel de presente.
Por causa dos templos que feitos de mármores se tornaram mais importantes que a reunião das pessoas, muitos preferem a solidão ou a marmorização do coração.
Por causa do mercantilismo das bênçãos que importam mais que a Graça gratuita a todos [mas com preço de dores de morte para Jesus], muitos compram e vendem a fé.
Essas coisas secundárias (e olha lá) viraram prioridades nas muitas igrejas que conheço ao ponto delas se tornarem um clube social, onde só serve quem serve com regularidade, todos uniformizados e calados.
Tenho muito mais a falar e conheço muitos que estão cansados desses modelos farisaicos adotados em muitas igrejas!
Calma! Não estou falando das igrejas que geralmente queimam o filme, dos megalomaníacos pastores televisivos ou das que arrastam multidões que marcham segundo a teologia da prosperidade! Estou falando das igrejas que até bem pouco tempo atrás se orgulhavam do exemplo ético e do compromisso com o evangelho da verdade.
Ah, você só não sabe do que falo se não quer saber! Só não vê se não quiser ver! Ou se de certa forma, está viciado neste modelo, amarrado por muitas circunstâncias, principalmente as morais e financeiras.
Olhe em volta!
O que vemos são milhares de fiéis a reuniões, frases prontas e slogans, modismo gospel e repetições moralistas, e mais... O que não temos visto é a propagação do evangelho da Graça, sem neurose, libertinagem e revanchismo evangélico, mas centrado no amor que opera pela justiça.
Não há evangelho! Há religiões e seus dogmas. Sendo assim, é decretada a falência das igrejas, dos templos e das denominações.
E então muitos questionam: Jesus disse que as artimanhas do inferno não prevaleceriam contra a igreja e você com esse papo!
Com as distorções quase imperceptíveis ( leia algumas distorções ) muitos, se ficarem sem igreja acharão que Deus está morto. Associam tanto Deus às congregações cristãs que se elas falirem - não apenas financeiramente, mas também objetivamente – grandes impérios eclesiásticos tem caixas para mais 6 bilhões de anos sobre a terra, e lutam contra a falência da objetividade ao envenenar multidões e os deixarem dopados, viciados e dependentes – se tais religiões falirem por causa do caminho que resolveram trilhar, muitos acharão que Deus ficou pobre ou que desistiu de ser cristão.
Deus não é cristão e nem o próprio Cristo é.
E se você não compreende isso, com certeza, está assustado com tal possibilidade e se escandalizará quando as comunidades de fé ruir juntamente com os templos feitos por mãos de homens.
Isso está dito há tempos! Leia os evangelhos!
Para aqueles que guiados pela Graça e misericórdia, traçaram outro caminho, não será tempo de revolta, mas uma oportunidade.
Quem viver verá e terá discernimento de tais coisas.
Gito